Começando a moralizar

A prefeitura de São Paulo vem promovendo, sem muito alarde, uma ação de profunda importância para a moralização da política na cidade. Hoje foi anunciada na Radio Eldorado. Os funcionários públicos municipais terão de declarar seus bens à administração municipal, em um sistema interno. 

É uma medida que evidentemente incomoda e fere a privacidade dos servidores de bem. Mas é um mal necessário, para o bem coletivo. Sabe-se que a corrupção no município, que já era alta, tornou-se endêmica nos últimos anos. Quem está na área de arquitetura sabe disso bem. Na última gestão, descobriu-se que o chefe geral das aprovações de projetos em São Paulo negociava pessoalmente os alvarás dos grandes empreendimentos, e sabe-se que os esquemas iam muito além da aprovação desses mega-projetos, afetando toda a rede de aprovações da prefeitura. 

Com o monitoramento que se estabelece, a prefeitura tem como identificar diferenças incompatíveis entre patrimônio e salários, e parece que já identificou mais de 800 servidores nessas condições. É a única forma de fechar a malha e aos poucos ir saneando a administração.

Agora, por outro lado, se isso não deve justificar, é verdade que os salários pagos na administração municipal facilitam o surgimento de corrupção, para as pessoas de má índole. O trabalho administrativo em uma cidade como a de São Paulo é exaustivo e de grande responsabilidade. Apesar das notícias de que a atual gestão recebeu a prefeitura quebrada, um plano de aumento salarial para os servidores de bem (e há muitos) é também fundamental, para em médio prazo resolver de vez com a corrupção.